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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CAPÍTULO VIII - Tedibi na guerra das tesouras



  - Vamos meninas, mostrem para a cliente mais especial deste ateliê o que temos de melhor... Dona Lili Bombom do Chafarriz...  Especialmente e diretamente de Paris para você as mais belas modelos do país...

O delicadíssimo estilista Bee Chard Loucard apresentava, em seu atelier, a uma nova cliente dondoca, a sua coleção para a estação atual. Dona Lili é uma rica emergente trajando um vestido vermelho de veludo curto com um enorme faixa cor vinho na cintura com um laço, também grande, voltado para trás. Um enorme chapéu florido com um casal de pássaros adornava sua cabeça. Calçava um sapato tipo Luiz XV e, acredite, ela usava uma meia calça marrom bordada por pequenos lacinhos róseos.
- Percebi logo de cara que a senhora tem bom gosto, madame... – Braveja o estilista.
- Sim, sou uma mulher muito exigente e vejo que você é um artista de mão cheia. Vamos juntar a fome com a vontade de comer neste banquete de estilismo.
- Sabia que a Senhora iria gostar...
As meninas, uma delas de top enrugado verde, minissaia vinho com um sapato alto tipo agulha e meias coloridas, a lá Dancing Days, impressionavam a emergente
- Agora me confidencia... Quem são suas clientes?
- Olha, não costumo comentar nomes, por ética profissional, ao qual não abro mão. Mas ontem mesmo deixei de viajar para os States para fazer um trabalho para uma amiga famosa, pois estava muito atarefado, não deu pra ajudá-la desta vez, tive que me desculpar... Foi com uma dor sem tamanho que disse não... – Ô bicho mentiroso.
- Alguém que eu conheça, Bee Chard?
- Olha querida, que fique por aqui mesmo, vou falar em confiança a você, pois vi de cara que seremos confidentes.
- Pode falar, sou uma mulher de uma distinção sem tamanho. – Essa aí também...
- Pois bem, vou-me confessar. É a chiquérrima cantora Neide Gagá, aquela que canta “Porqueira Feice”
- Não a-cre-dito!!! Sei muito bem quem é. Realmente ela é finérrima, um bom gosto sem tamanho. Ô, Bebezinho, por favor, me apresenta ela...
- Não faltará oportunidade, querida... Garanto que ela vai ser sua amiga.
Neste momento os dois são interrompidos por Matilde, a secretária e prima (que ningém saiba) de Bee Chard Loucard.
- Com licença, Sr. Bee Chard...
- Olha Matilde, não me interrompa! Tá ouvindo? Eu disse não me Inter-rom-per  enquanto estiver com minhas clientes especiais... Principalmente como esta glamorosa mulher. Desculpe-me, Dona Lili, mas a educação tá longe desta periférica criatura, só mandando buscar uma compatriota parisiense. – Matilde é uma assistente de fachada deste que não tem onde cair morto.
- Sinto muito, mas é muito importante...
- Não me vai dizer que é a Gagá insistindo de novo por um novo modelo... Minha filha, diga àquela mulher que estou num Chateau, e chateado, próximo a Paris descansando, e incomunicável!
- Não é ela não, Bee Chard.
- Ué, não é a Gagá? Pois quem seria?
- Olha tem um estilista francês que acabou de desembarcar em Fortaleza que veio falar com você.
- Ele ligou antes?
- Não, está querendo falar com você pessoalmente, me parece urgente.
- Que absurdo...  Quanta indelicadeza... Mas de quem se trata minha filha?
- Tal de Ted Coco Granel.
- Que inoportuno e indelicado. Lili, mil desculpas mulher, mas sabe que na França também tem gente mal educada, sem berço. Muita petulância para o meu gosto.
- Sem problemas, não ligo, pode receber, pode ser importante pra você.
A curiosidade tomou conta do estilista mesmo, na verdade ficou num pé e noutro. Pensou e não sabia como se livrar da dondoca. Mas não quis deixar transparecer, não dando o braço a torcer, pra não perder a cliente, coisa rara na “horta” dele.
- Não importa; se quiser que aguarde. Matilde, diga a esta pessoinha que espere, pois estou com uma cliente especial agora. Mas também diga que ele teve sorte que a próxima cliente havia desmarcado o compromisso comigo para ir pra o velório da sogra. A gente tem que se valorizar, não é querida? – Falou olhando para a dondoca.
- Como quiser, Sr. – Respondeu a assistente.
-Mas venha cá, ele não falou o que queria?
- Não, disse que era um assunto particular.
Levantou-se e sussurrou no ouvido de Matilde e trocaram algumas palavras: “invente algo enquanto me livro da dondoca horrorosa e sirva um café, sua louca...”. (quanta falsidade desta criatura) “O café acabou”...” Não fique parada, pegue a xícara e peça um pouco na vizinha”. “o açúcar também..” “leve duas xícaras então, faça o que for preciso...”.
Sorrindo o estilista volta a sentar ao lado da dondoca.
Após algum tempo de “enrolação”, o estilista dispensa a dondoca e liga para o celular da Matilde as pressas e, “nos três”, segundos fala: “disfarça, mas manda o francês entrar daqui  a 2 minutos”. –O suficiente para ele respirar e dar um rápido olhar no visual.
- Pode entrar Sr Ted Coco Granel.
O urso com um lenço vermelho amarrado no pescoço, apresentando trejeitos delicados, responde:
- Agradecido, Mademoiselle...
- Boa tarde, a quem devo a maravilhosa visita? –Esse quem fala é o estilista Bee Chard.
- Bomjour, sou Ted Coco Granel, anavantur. Você ser Bicha Loucá? (1X0 para o urso)
- Bee Chard Loucard, o próprio, meu distinto colega, em que posso servi-lo?
- Pardom monsier, acabo de chegar à cidade ainda me acostumando com o língua português... Acho que já deve ter ouvido falar de meu pessoa, uma vez que soube  que você ser plugado na moda do meu país.
- Bondade de sua parte, mas claro que ouvi falar sim do gran urso estilista de Paris. Acompanho sempre os seus lançamentos das revistas francesas, aliás, eu sou seu fã incondicional. (claro que ele tá inventando, tudo média, aliás, a suas revistas eram todas ultrapassadas, doadas por sua grande amiga Rose Marrie, outra cafona, foi quando o urso pensou: “a bicha mordeu a isca”). Aliás, para mim é uma grande honra receber sua visita, desculpe se o fiz esperar, pois estava numa importante reunião. Mas volto a perguntar, em que posso servi-lo, tendo vista que é famoso e eu ainda batalhando no campo da guerra das tesouras brasileiras.
- Me falaram que na cidade, abajour, havia uma estilista conterrâneo, grande revelaçom no moda, mas vejo que deva eu ter sido um engano, não perece francês, desculpa o constrangimento...
- Desculpe-me eu, sou francês sim, descendente direto de Napoo Leão Bom Naquela Parte, é que faz muito tempo que aqui cheguei, era um meninote e já perdi um pouco o sotaque, mas continuo ligado a pátria mater. – Pilantrão, esse cara...
- Você precisa ir no France pra recuperar, toaleitemente, a sua preciosa cultura franco.
- Claro que sim, quem sabe promoverei um desfile por lá...-Esse tá viajando na maiosese.
- Mas deixamos embromaçom do lado, falo agora o que faço aqui.
-Sou todo ouvido. – Ele forçou o ouvido para não perder o momento esperado de matar a sua curiosidade.
-Bem, estamos aqui pra promover uma documentário, croissant, sobre a belíssima moda deste local... Infelizmente tivemos uma pequeno incidente. A nossa still (fotógrafo) comer um buchada na mercado San Sebastiom e ficou vazando nas partes... Desagradável.
Sr, pardom a indiscriçom... Soube que trabalha com as melhores profissionais na tal guerra das tesouras. Pra falar a verdade eu cheguei a ver a belíssimo trabalho efetuado por tais profissionais... Num site de eventos...
- Obrigado pelo elogio, senhor Côcô... (1X1, empata a bicha, digo, Bee Chard.)
- Pardom, é Coco. 
-Desculpe... Mas sou muito exigente sim e tenho profissionais pra indicar. –Voltando a inventar, pois como se sabe ele vive de doações e favores, mal deu pra realizar o desfile com o “patrocínio” misterioso.
- Nom preciso  muita profissionais... Gostei dos fotos da ultimo desfila seu. Gostaria contratar aquele profissional.
- Não quero ser rude mais uma vez, mas tenho melhores que aquele. Na verdade naquela noite, te digo, não foi o profissional que fez o trabalho, foi uma amiga que me fez o favor. Como o fotógrafo oficial adoeceu e foi uma amiga me quebrou o galho.
-Deve ter comido o tal buchada do Sebastion... Mas eu querer esta profissional.
-Como disse, não ser profissional, mas se insiste tanto eu posso indicar.
- Quem ser este pessoa.
- Rose Marrie. Uma cariatura (criatura mesmo) fantástica... Minha pupila, pra falar a verdade, tem um futuro brilhante no mundo da moda. Suas dicas são preciosas. Talvez o seu olhar crítico tenha ajudado nas fotos.
-Quero ela então...
-Façamos o seguinte, vou marcar um dia e o apresento e quem sabe ela tope fazer suas fotos. Talvez você queira conhecer minha nova coleção e...
- Você não entender... Eu querer pro ontem... Não tenho tempo... Anarriê e Anavantu. Estou com problemas. – Falou mais incisivo
- Está bem, verei o que poderei fazer...
- Mi agradecer, quem sabe ainda trabalharmos juntos no Paris.
Bee Chard Loucard sonhando alto se empolgou e pegou o telefone. Não podia perder a oportunidade imaginada.
- Enquanto você ligar, vou fora tomar um pouco de ar e manter contatos profissionais...
- Fica a vontade, mas não demorarei, se quiser mais café...
- Merci, nom querer mais caldo de pano de chom, digo um amostra do genuíno coffe de terra brasil. (2X1, o urso abriu vantagem de novo, essa essa é boa...)
Tedibi aproveita para ligar para os demais ursos para contar as novidades. Tudo estava correndo como o planejado e logo estaria frente a frente com a pessoa responsável pelas fotos. Mas o tempo corria, a Isaltina que já se encontrava com os demais ursos, em um furgão próximo, estava sofrendo com o desaparecimento da Boo Fala Elizabeth. O próximo passo seria colocar a parte dois do plano em ação, logo que  a fotógrafa também engolisse a isca. Falta combinar tudo com ela...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CAPÍTULO VII - Tedibi e o modista Bee Chard Loucard



 Após o urso está devidamente alimentado,  com as ideias já organizadas, a família se reúne mais uma vez. Estavam na varanda do hotel tentando ordenar um plano investigação.

- Talvez se a gente descobrisse o local onde ocorreu o evento da foto fosse fundamental, você sabe? - Falou a mãe urso.

- Com certeza, mãe, e já apurei o fato... Esta foto foi tirada em desfile de modas, vejam o palco de desfiles ao fundo... - explicou Nerd com a lupa em uma das mãos, digo, patas. - e temos a sigla BCL no palco. – Completou.

- BCL, seria uma empresa de eventos? Perguntou Tedibi.

- Quase isso. Descobri pela internet que existe um estilista famoso por aqui, um dublê de modista chamado Bee Chard Loucard. Ele andou tentando fazer uns desfiles de modas com suas criações na cidade. Conseguiu realizar um sim, graças a um misterioso patrocínio. Afinal não sei quem patrocinaria aquelas coisas... Aqui pra nós as suas criações são bastante bregas.

Nerd passa as fotos das roupas do pseudo estilista para a mãe.

- Realmente isso aqui é de uma cafonice sem tamanho.

- Mas você acha que ele tem culpa no cartório? – perguntou Tedibi.

- Creio que não, ele parece inofensivo, até demais para o meu gosto. Mas vejam que a foto é de máquina profissional, talvez do mesmo fotógrafo que tirou as demais da pasta. Logo pode se tratar de um membro de sua equipe ou de uma equipe contratada. Se encontrarmos o fotógrafo que é baixinho teremos realmente iniciado as investigações.

- Verdade, mas sabes onde mora a Bicha Louca?

- Não Tedibi, é Bee Chard Loucard, ele se diz francês, mas nem nome de francês tem, é  um equívoco que me parece ser marketing dele. Soube que na verdade ele mora num bairro  chamado Pyramboo, muito conhecido da cidade de Fortaleza, onde tem um pequeno ateliê. Ele possui uma restrita clientela de pseudas emergentes, de gosto duvidoso pelo jeito. Mas parece que alguém andou financiando mesmo a sua história, quem eu não sei. Desconfio que exista mais envolvidos, o estilista pode ter usado, preciso fazer um apanhado mais aguçado. Afinal temos um quebra cabeça, vamos ver se conseguimos juntar as peças... E onde o Pescoção, a Isaltina e a Boo Fala Elizabeth se encaixam neste jogo.

- Você acha que devemos fazer uma visita ao ateliê?

- Pois é, tô estudando uma maneira de se chegar lá.

- Então vamos lá à casa da Bicha.

- Bee Chard, Tedibi. Bee Chard!  Mas não podemos chegar lá sem nenhum álibi... Só se... Aproximem-se tive uma ideia repentina.

Falando baixo Nerdbi repassou o que havia planejado.

Alguns minutos depois...

- Não!!! Não farei isso.

-Mas Tedibi, o plano é excelente. E você é um excelente ator, me lembro dos papéis que desempenhou no teatro da escola.

- Sim, meu filhote, eu sei que você é capaz.

- Já falei, a ideia é boa, mas não vou desempenhar este papel ridículo. Não vou me travestir de dondoca louca pra encomendar nenhum vestido.

- Não temos outra ideia, e o tempo está passando.

- Você não tem, mas podemos melhorar essa ideia.

- Como assim?

- Venham, deixa-me falar.

Todos se aproximam mais uma vez,

- Hum, parece interessante.

- Então eu...

-Ted, você genial.

- Sim tem mais... – voltam a cochichar.

-Supimpa caro irmão, darei o braço a torcer.

-Agora falta comermos algo...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CAPÍTULO VI – Nerdibi Holmes do Ceará




Era cedo, o dia começava a nascer. Tedibi roncava em sono profundo. Já Nerdbi estudava as cópias dos documentos da famosa pasta azul, aliás, o urso estudioso teria virado a noite neste trabalho. Vamos ver se ele ganha pontos positivos com o leitor neste capítulo, quem sabe alguém se simpatize por este urso considerado “chato”.
Nerdbi leu muitas vezes cada documento e não se cansou de ouvir cada gravação que estavam contidas em dois CD´s. “Hum, muito estranho...”, repetiu muitas vezes consigo. Fez muitas anotações num pequeno caderno e em cada página haviam muitas frases grafadas. Até que ele toma um susto com uma foto no meio de um dos documentos. Pega a lupa e examina a foto “Han Han...” falou para si.
-Tedibi! –chamou o urso, mas o mesmo nem se mexeu. – Vamos Tedibi, temos muito que fazer. – o urso Tedibi não dava a mínima e continuava a dormir – TEDIBI!!! – gritou.
Como tudo foi em vão Nerd pega um pacote de batata fritas, abriu e colocou uma batata bem próxima ao nariz do irmão, que começou a se mexer abrindo os olhos.
- Uahhhh, que foi mesmo? O café já está servido?
- Vamos, precisamos ver a Isaltina. Veja o que achei... - mostra a foto ao irmão que pega e começa a examinar.
- Quem são estes da foto?
- Foi o momento em que o político da oposição passava os planos contra o Pescoção para o seu principal articulador e assessor do governador..
- Sim, isso nós sabemos, qual a novidade?
- Tome a Lupa e veja isso... –entrega a lupa e Tedibi observa logo ao fundo uma pessoa que parecia testemunhar a trama dos dois políticos.
- Estou vendo um homem de paletó azul ao fundo, mas que tem haver?
- Sim quero dizer que tem alguém a mais neste quebra cabeça. Observe que segura uma pasta azul.
- E...
- Qual é a cor da pasta da Isaltina?
- É mesmo, azul. Provavelmente com parte das cópias do plano. Tendo em vista que esta foto foi colocada depois.
- Tem outro fato importante. Esta foto foi tirada em contre plongé.
- Que é isso?
- Um plano fotográfico em que a foto foi tirada de baixo para cima, adotado no cinema americano para enaltecer as personagens. Muito usado nos documentários de Hitler.
- Quer dizer que quem registrou esta foto era cineasta?
- Não.
- Nazista?
- Não decepcione caro Tedibi. Trata-se de uma pessoa baixinha. Pelos meus cálculos um anão... E esta pessoa que tirou a foto, com certeza pegou a pasta azul.
- Ou um menino.
- Isso mesmo. Precisamos encontrar esta pessoa que fotografou e que logicamente mandou os documentos para Isaltina. Assim temos chances de encontrar o possível cativeiro da Elizabeth. O próximo passo será  descobrir onde se encaixa o homem que segura a pasta e a sua relação com o fotógrafo, se é alguém do bem ou do mal. Vamos, precisamos falar com a Isaltina imediatamente. Temos um quebra cabeça para montar.
- Mas tem um fato bastante importante que estamos deixando de lado.
- Qual, meu querido e metido irmão.
- ESTOU COM FOME!!!
O hotel estremeceu, foi o maior corre-corre.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

CAPÍTULO V - TEDIBI DIANTE DO MISTÉRIO DA ARANHA ISALTINA COM O GOVERNADOR PESCOÇÃO


Sabemos que a família de ursos Bi está de férias em Fortaleza, capital do Ceará. O urso Tedibi já aprontou algumas das dele, assim como saindo herói na Praia do Futuro com o salvamento de um menino que se afogava. Vimos isso nos capítulos anteriores. Também acompanhamos o encontro desta família com a fragilizada aranha Isaltina. Acho que vocês já ouviram falar dela... Ela chegou a ser homenageada pelo famoso cantor baiano “Cainopano Nervoso” através de uma música que fala de uma “aranha que arranha o jarro e o carro e que berra no aterro na hora do enterro...” Pois bem, era uma referência a aranha Isaltina. Lembrou agora? Pois ela andava sumida do mundo artístico ultimamente. Ninguém sabia o motivo, já se tratava de uma aranha ainda na crista do sucesso, mas eis que vamos descobrir o que aconteceu com a sua promissora carreira, vejamos o que ela tem a contar:

- Pois vou contar mesmo... Fui contratada pelo governador pescoção para ser sua secretária. Muito profissionalismo, por sinal... Fui escolhida por conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo, imagine que consegui datilografar em 04 máquinas de escrever de uma só vez, deixando minhas concorrentes no chinelo. E sem nenhum erro! Já como secretária sempre acompanhava o governador, era fixa em sua comitiva. Foi nesta época que conheci uma Búfala que acabara de chegar da ilha de Marajó no Pará, a Boo Fala Elizabeth; ficamos muito amigas por sinal. Ela é filha de fazendeiro e por pouco não se tornara uma dançarina numa boate de Fortaleza. Mais uma tola que estava sendo enganada por falsas promessas de ficar famosa por um agente inescrupuloso... Eu a ajudei e tornamos grandes amigas.  -hum... Que interessante caro leitor... Uma aranha cearense amiga de uma búfala paraense, provavelmente viciada em tacacá e frequentadora do Ver-o-peso de Belém. Consegue visualizar a cena?

- Contos de fadas e dramalhão nordestino. Parece que vou acabar chorando, não acredito... – Nerdbi fez o seu comentário.

-E você será a bruxa malvada de olho roxo, se não deixar de falar besteiras... –defendeu Tedibi.

-Deixem de discussão besta, meninos... Vamos ajudar a pobre aranha, deixamo-la continuar a história. –quase uma ursa cearense falando.

-Não quero causar problemas, Dona Lady...

-Fala menina, agora que nós queremos saber da história...

-Bem, num belo dia cheguei muito cedo e sentei em minha mesa. Peguei o telefone para ligar para Boo Fala Elizabeth, quando ouvi sem querer uma conversa estranha entre um assessor do Pescoção e um político da oposição. Foi aí que descobri um plano horroroso para acabar com o governador. Fiquei desesperada, larguei o telefone e saí correndo. Saí sem rumo... A o descer as escadas ainda deparei com o assessor que falava ao celular que quase bateu em mim. Fiquei muito nervosa quando o vi. “Algum problema, dona Isaltina”? “Chegou muito cedo hoje por quê?” fiquei trêmula com suas indagações, e gaguejando dei uma desculpa... Falei que tinha ido ao dentista. Acho que ele percebeu algo de estranho comigo que o deixou de orelhas em pé.

-E o que você fez depois? –indagou o Tedibi.

- Quando me acalmei liguei minha amiga Elizabeth marcando um encontro para contar o acontecido. E acabei fazendo o correto. Denunciei as pessoas citadas na imprensa.

-Então você saiu heroína na história.

-Que nada... Eles armaram um plano muito bem elaborado com provas falsas, surgindo o escândalo da época, aquele que foi o meu suposto caso amoroso com o pescoção que me favorecia com as supostas viagens de trabalho regadas com dinheiro público. Foi um grande golpe para mim e para o governador, que acabou se separando da esposa. Não fui levada a sério com as minhas acusações por estar desmoralizada com o caso inventado. Foi um inferno para mim. O pescoção não foi reeleito e acabei deixando o meu emprego. Fui motivo de piada. Até o humorista Facão desfez de mim, me chamando de lombriga numa música, mas o que é dele tá guardado. Foi horrível! O certo é que nós todos acabamos no fundo do poço.

-Que bandidos! –comentou Tedibi.

-Tive que recomeçar a minha vida e fiz uma plástica. Criei a personagem Isaltina, que adotei no dia a dia de minha vida real, com o show Arranhando o Jarro. A Boo Fala Elizabeth foi quem me deu a mão neste renascimento. Agradeço a ela, ela foi amiga de verdade, sinto sua falta.

- Sim, mas porque abandonou os palcos então se estava fazendo sucesso? –indagou a mãe urso.

-Faltava algo para resolver... Precisava provar a minha inocência do escândalo com Pescoção. Iniciei uma investigação que culminou com uma pasta azul chegando a minhas mãos, até hoje não sei quem enviou... O certo é que recebi todas as provas que necessitava num dossiê misterioso. Provava minha inocência através de documentos das armações com gravações e o esquema que aniquilaria e desmoralizaria politicamente e pessoalmente o pescoção. Mas não pude fazer nada. Elizabeth desapareceu misteriosamente em seguida e comecei a receber mensagens anônimas para desistir da divulgação do dossiê, desaparecer dos palcos e da cidade; pelo contrário receberia pelo correio de início os chifres da minha pobre amiga e por fim uma suculenta rabada de búfala dentro de quentinhas.  – Isaltina começa a chorar. – chega a embrulhar o estômago em pensar numa rabada da grande Elizabeth.

Os ursos ficaram chocados. Até Nerdbi amoleceu o coração. Tedibi ouviu toda a história atentamente. Ficou a pensar. Dona Lady Bi tentou consolar a aranha.

-Temos que fazer algo, mãe...

- Sim filho, mas nem sei por onde começar.

-Isso é um caso para o detetive Sher Louco Gomes, pelo que vejo meu caro irmão. Mas me diz... O que passa na sua perturbada cabeça desta vez?

-Temos que bolar um plano. Onde está a pasta azul, dona Isaltina?

- Deixe “o dona” de lado, só Isaltina mesmo... Assim me sinto menos velha. Bem, os originais estão em local seguro, mas tenho cópias comigo que passarei para vocês. Saibam que chegaram a vasculhar meu apartamento, mas não sou besta – orgulha-se a aranha.

- Precisamos ver primeiramente.

Isaltina retira o envelope de uma bolsa escondida em sua barriga, repassando para os ursos. Tedibi abre e começa a examinar os documentos, entregando para mãe e o irmão. Comenta algo em sussurros com os dois. Isaltina observa tudo sem nada falar. Dona Lady Bi quem quebra o silêncio da aranha:

- Isaltina, você precisa muito descansar, minha filha. Vamos estudar o caso para ver o que podemos fazer. Fique tranquila. Eles não farão nada com a Boo Fala Elizabeth, estou certa disso. Se quiser eu providencio um quarto no hotel pra você, pela manhã marcamos uma reunião.

-Obrigada, mas não é necessário, amores, meu apartamento fica aqui perto. Agradeço mesmo de coração a preocupação de vocês que já fizeram muito por mim. Espero poder retribuir tudo de alguma forma.  Amanhã a gente se encontra então...

-Não tem o que agradecer Isaltina. –incrível, mas esta fala foi do chato do Nerdbi.

A família resolve acompanhar a aranha até o seu condomínio. Ela parecia mais serena e confiante em resolver o caso, estava convencida que reencontraria a amiga paraense. A conversa com os ursos foi muito importante. Despede-se dos amigos e adentra ao prédio. Os ursos retornam ao hotel.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

CAPÍTULO IV - O SHOW DE HUMOR E A ARANHA ISALTINA




 









Como não poderia deixar de ser o humor estava na programação dos ursos. O show do palhaço Dililica e da empregada espalhafatosa Ralimpinha estava próximo de começar e a família Bi se abancava em uma das mesas de um restaurante. O Garçom puxou a cadeira educadamente para a mãe ursa sentar-se. Os demais ursos não esperaram e tomaram conta de suas cadeiras.
- Eu preferia ver a opereta “A Valsa Descabida” da Azyla Maria no teatro José de Alencar... – resmungou o Nerdbi.
- Mas meu filhote, temos que conhecer a cultura local num todo. Todo mundo que vem ao Ceará tem que ir ver um show de humor. Amanhã poderemos ver a tal opereta – Nerd fecha a cara, mas acaba se contentando.
- Já sei como terminam esses programas... – completou.
Já o Tedibi estava animado. Já tinha pedido as suas pizzas GG tamanho maior.
Nesta hora entra em cena o palhaço Dililica, enquanto todos batem palmas e cantavam a sua famosa musica: Olha, eu já acabei com esse negócio de... “Rosentina, Rosentina, Rosentina já deu luz, não sei se tu me odeia, pra que tu me reduz...”  Aí o xerife disse: qual foi, porque tá nessa?...
Nesta altura o Tedibi já devorava as pizzas, mas sem ficar de fora da brincadeira coletiva.
- Alô pessoal! - todos vibravam acenando para o palhaço. – Mas negrada, vocês tão animados... Parece até que tão no enterro do anão. - todos riram. - mas isso aqui tá muito animado meeesmo! Tem até urso na plateia. Ei urso você já comprou o seu menino de estimação? - Falou apontando para o Tedibi. Todos riram, a Dona Lady não se conteve.
- E por falar nisso vocês sabem o que o padre fez no leito de morte de um urso enorme?
- Nãããããããããão... - o coro foi geral.
- Uma Extrema Ursão. - todos riram.
- Palhaço sem graça, comentou Nerdibi.
Nesta hora Tedibi intervém:
- Ei, Dililica, você sabe o que foi que o palhaço foi fazer no Congresso Brasileiro?
- Não. O que foi?
-Quando eu virar palhaço eu te digo. – mais risadas.
-Meu Deus, quanta besteira... - Comentou mais uma vez Nerdbi.
- Mas que urso desenrolado, mal chegou e já tá informado das palhaçadas brasileiras. Vem para o palco, urso. - Tedibi vai até o palco, levando uma pizza, logicamente.
- Como é o seu nome, urso?
- Tedibi.
-Minha gente, uma salva de palmas para o urso Tedibi. - muitos aplausos, até parece que tô ouvindo os Claps Claps, você tá?
- De onde você vem?
- Do Pólo Norte.
- Que legal. Deve ser legal poder esconder o sorvete dentro da gaveta de roupas.
- Tão bom como ter um quarto que desligando o ar condicionado vira uma sauna particular.
- Muito boa essa, mas me tira uma dúvida, Tedibi. Onde você comprou essa gravata não tinha para urso macho não?
- Na verdade havia muitos, mas a Senhora Dililica levou para os dela. – valha-me que urso maluco.
-Todos riram, mas o Dililica ficou sério na hora, embora tenha se rendido as risadas.
- Mas que urso insolente. Mas tô vendo que o páreo com o Tedibi vai ser difícil. É melhor começarmos as brincadeiras.
- Vamos brincar então...
O urso Tedibi se divertiu muito. O Palhaço colocou o urso para participar de várias brincadeiras, outras pessoas também participaram. Apenas Nerdbi estava achando tudo chato. Bom lembrar que a chatice começava com ele, argh.
Mas o tempo foi passando, assim como as brincadeiras. Tedibi acabou voltando para a mesa, enquanto entravam em cena outros humoristas.
- E então, Ted, se divertindo muito? – perguntou sua mãe
- Claro. E eu tinha que colocar aquele palhaço no lugar dele. He He He He He.
- Por mim a noite está esgotada...  – quem terá falado isso...
Mas o tempo passou mesmo com a diversão chegando ao final e, milhares de pizzas depois, a família urso resolve voltar para o hotel. Exatamente na hora em que a empregada espalhafatosa Railimpinha estava no palco, agradecendo a presença do urso e de sua família, que ajudaram na descontração da noite:
- Mulher, volta de novo na casa e traz o teu “minino”.lindo – falou para a Lady Bi que acenou de longe. Ele é tão fofinho, há como queria levá-lo pra casa...
- Como sempre o palhaço Tedibi no centro das atenções. – Comentou Nerdbi.
- Deixe de despeito, Nerd. Parece que nasci pra brilhar.
-Bah.
Eles seguiram enquanto conversavam sobre a noite. Próximos ao hotel deparam com algo estranho. Era uma enorme aranha aos prantos, estava sentada em um banco de praça Parecia inconsolável. – de novo alguém chorando nas aventuras do Urso Tedibi.
- Veja mãe, aquela aranha tá chorando. – falou Tedibi.
- É o que me faltava, uma aranha chorona, onde se viu isso? – falou o irmão.
-Vamos falar com ela...
- Todos se aproximaram da aranha, que aparentava bastante abatida.
-Com licença, algum problema, dona Aranha? Que aconteceu? Podemos ajudá-la em alguma coisa?
-Desculpe, não quero incomodá-los.
- Ei, você não é a Isaltina, a famosa aranha que arranha o jarro?
-Sim, a própria. Mas hoje não to arranhando nada, meu filho. Snf. - Dona Lady passou lenços para Isaltina, que dá aquela assoada. Aliás em cada braço havia um lenço, oito, pra ser mais preciso.
- Mas podemos ajudá-la em alguma coisa? Sou a Lady Bi e esses são meus filhos Tedibi e Nerdbi, somos turistas...
-Muito prazer. Mas creio que não poderão fazer nada.
- Estou com um grande problema. É uma longa história...
- Somos todo ouvido, às vezes é bom desabafar. –completou a mãe.
- Tenho medo até de lhes contar, mas preciso desabafar mesmo. Por favor, jurem que não contarão nada para ninguém, muito menos pra polícia.
- Não se preocupe, estamos aqui para ajudá-la.
-Estou sendo vítima de uma rede de intrigas, sofrendo ameaças pesadas. Como vocês devem saber após sobreviver ao escândalo de ser acusada de ser amante do antigo governador Miro Cones, o pescoção, entrei para o mundo artístico. Foi aí que começaram as extorsões...
-Não sabemos, pois moramos no polo Norte. – completou Tedibi. –Estamos a passeio. Sabemos que você é uma artista famosa através dos sites.
- Pois hoje nem essa função posso exercer, acredite. Minha vida está de pernas para o ar
-Minha nossa!
- Vejo que são bons ursos, vou confiar em vocês, quem sabe me darão uma luz. Fazia pouco tempo que havia sido contratado pelo pescoção como sua secretária...
É, parece que teremos novidades nos próximos capítulos. Que terá acontecido com a famosa aranha Isaltina, a aranha que arranha o jarro? E o que o ex-governador do Ceará, Miro Cones, o pescoção, tem haver com isso? E eu que pensava que o capítulo ficaria no show de humor apenas...