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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CAPÍTULO VIII - Tedibi na guerra das tesouras



  - Vamos meninas, mostrem para a cliente mais especial deste ateliê o que temos de melhor... Dona Lili Bombom do Chafarriz...  Especialmente e diretamente de Paris para você as mais belas modelos do país...

O delicadíssimo estilista Bee Chard Loucard apresentava, em seu atelier, a uma nova cliente dondoca, a sua coleção para a estação atual. Dona Lili é uma rica emergente trajando um vestido vermelho de veludo curto com um enorme faixa cor vinho na cintura com um laço, também grande, voltado para trás. Um enorme chapéu florido com um casal de pássaros adornava sua cabeça. Calçava um sapato tipo Luiz XV e, acredite, ela usava uma meia calça marrom bordada por pequenos lacinhos róseos.
- Percebi logo de cara que a senhora tem bom gosto, madame... – Braveja o estilista.
- Sim, sou uma mulher muito exigente e vejo que você é um artista de mão cheia. Vamos juntar a fome com a vontade de comer neste banquete de estilismo.
- Sabia que a Senhora iria gostar...
As meninas, uma delas de top enrugado verde, minissaia vinho com um sapato alto tipo agulha e meias coloridas, a lá Dancing Days, impressionavam a emergente
- Agora me confidencia... Quem são suas clientes?
- Olha, não costumo comentar nomes, por ética profissional, ao qual não abro mão. Mas ontem mesmo deixei de viajar para os States para fazer um trabalho para uma amiga famosa, pois estava muito atarefado, não deu pra ajudá-la desta vez, tive que me desculpar... Foi com uma dor sem tamanho que disse não... – Ô bicho mentiroso.
- Alguém que eu conheça, Bee Chard?
- Olha querida, que fique por aqui mesmo, vou falar em confiança a você, pois vi de cara que seremos confidentes.
- Pode falar, sou uma mulher de uma distinção sem tamanho. – Essa aí também...
- Pois bem, vou-me confessar. É a chiquérrima cantora Neide Gagá, aquela que canta “Porqueira Feice”
- Não a-cre-dito!!! Sei muito bem quem é. Realmente ela é finérrima, um bom gosto sem tamanho. Ô, Bebezinho, por favor, me apresenta ela...
- Não faltará oportunidade, querida... Garanto que ela vai ser sua amiga.
Neste momento os dois são interrompidos por Matilde, a secretária e prima (que ningém saiba) de Bee Chard Loucard.
- Com licença, Sr. Bee Chard...
- Olha Matilde, não me interrompa! Tá ouvindo? Eu disse não me Inter-rom-per  enquanto estiver com minhas clientes especiais... Principalmente como esta glamorosa mulher. Desculpe-me, Dona Lili, mas a educação tá longe desta periférica criatura, só mandando buscar uma compatriota parisiense. – Matilde é uma assistente de fachada deste que não tem onde cair morto.
- Sinto muito, mas é muito importante...
- Não me vai dizer que é a Gagá insistindo de novo por um novo modelo... Minha filha, diga àquela mulher que estou num Chateau, e chateado, próximo a Paris descansando, e incomunicável!
- Não é ela não, Bee Chard.
- Ué, não é a Gagá? Pois quem seria?
- Olha tem um estilista francês que acabou de desembarcar em Fortaleza que veio falar com você.
- Ele ligou antes?
- Não, está querendo falar com você pessoalmente, me parece urgente.
- Que absurdo...  Quanta indelicadeza... Mas de quem se trata minha filha?
- Tal de Ted Coco Granel.
- Que inoportuno e indelicado. Lili, mil desculpas mulher, mas sabe que na França também tem gente mal educada, sem berço. Muita petulância para o meu gosto.
- Sem problemas, não ligo, pode receber, pode ser importante pra você.
A curiosidade tomou conta do estilista mesmo, na verdade ficou num pé e noutro. Pensou e não sabia como se livrar da dondoca. Mas não quis deixar transparecer, não dando o braço a torcer, pra não perder a cliente, coisa rara na “horta” dele.
- Não importa; se quiser que aguarde. Matilde, diga a esta pessoinha que espere, pois estou com uma cliente especial agora. Mas também diga que ele teve sorte que a próxima cliente havia desmarcado o compromisso comigo para ir pra o velório da sogra. A gente tem que se valorizar, não é querida? – Falou olhando para a dondoca.
- Como quiser, Sr. – Respondeu a assistente.
-Mas venha cá, ele não falou o que queria?
- Não, disse que era um assunto particular.
Levantou-se e sussurrou no ouvido de Matilde e trocaram algumas palavras: “invente algo enquanto me livro da dondoca horrorosa e sirva um café, sua louca...”. (quanta falsidade desta criatura) “O café acabou”...” Não fique parada, pegue a xícara e peça um pouco na vizinha”. “o açúcar também..” “leve duas xícaras então, faça o que for preciso...”.
Sorrindo o estilista volta a sentar ao lado da dondoca.
Após algum tempo de “enrolação”, o estilista dispensa a dondoca e liga para o celular da Matilde as pressas e, “nos três”, segundos fala: “disfarça, mas manda o francês entrar daqui  a 2 minutos”. –O suficiente para ele respirar e dar um rápido olhar no visual.
- Pode entrar Sr Ted Coco Granel.
O urso com um lenço vermelho amarrado no pescoço, apresentando trejeitos delicados, responde:
- Agradecido, Mademoiselle...
- Boa tarde, a quem devo a maravilhosa visita? –Esse quem fala é o estilista Bee Chard.
- Bomjour, sou Ted Coco Granel, anavantur. Você ser Bicha Loucá? (1X0 para o urso)
- Bee Chard Loucard, o próprio, meu distinto colega, em que posso servi-lo?
- Pardom monsier, acabo de chegar à cidade ainda me acostumando com o língua português... Acho que já deve ter ouvido falar de meu pessoa, uma vez que soube  que você ser plugado na moda do meu país.
- Bondade de sua parte, mas claro que ouvi falar sim do gran urso estilista de Paris. Acompanho sempre os seus lançamentos das revistas francesas, aliás, eu sou seu fã incondicional. (claro que ele tá inventando, tudo média, aliás, a suas revistas eram todas ultrapassadas, doadas por sua grande amiga Rose Marrie, outra cafona, foi quando o urso pensou: “a bicha mordeu a isca”). Aliás, para mim é uma grande honra receber sua visita, desculpe se o fiz esperar, pois estava numa importante reunião. Mas volto a perguntar, em que posso servi-lo, tendo vista que é famoso e eu ainda batalhando no campo da guerra das tesouras brasileiras.
- Me falaram que na cidade, abajour, havia uma estilista conterrâneo, grande revelaçom no moda, mas vejo que deva eu ter sido um engano, não perece francês, desculpa o constrangimento...
- Desculpe-me eu, sou francês sim, descendente direto de Napoo Leão Bom Naquela Parte, é que faz muito tempo que aqui cheguei, era um meninote e já perdi um pouco o sotaque, mas continuo ligado a pátria mater. – Pilantrão, esse cara...
- Você precisa ir no France pra recuperar, toaleitemente, a sua preciosa cultura franco.
- Claro que sim, quem sabe promoverei um desfile por lá...-Esse tá viajando na maiosese.
- Mas deixamos embromaçom do lado, falo agora o que faço aqui.
-Sou todo ouvido. – Ele forçou o ouvido para não perder o momento esperado de matar a sua curiosidade.
-Bem, estamos aqui pra promover uma documentário, croissant, sobre a belíssima moda deste local... Infelizmente tivemos uma pequeno incidente. A nossa still (fotógrafo) comer um buchada na mercado San Sebastiom e ficou vazando nas partes... Desagradável.
Sr, pardom a indiscriçom... Soube que trabalha com as melhores profissionais na tal guerra das tesouras. Pra falar a verdade eu cheguei a ver a belíssimo trabalho efetuado por tais profissionais... Num site de eventos...
- Obrigado pelo elogio, senhor Côcô... (1X1, empata a bicha, digo, Bee Chard.)
- Pardom, é Coco. 
-Desculpe... Mas sou muito exigente sim e tenho profissionais pra indicar. –Voltando a inventar, pois como se sabe ele vive de doações e favores, mal deu pra realizar o desfile com o “patrocínio” misterioso.
- Nom preciso  muita profissionais... Gostei dos fotos da ultimo desfila seu. Gostaria contratar aquele profissional.
- Não quero ser rude mais uma vez, mas tenho melhores que aquele. Na verdade naquela noite, te digo, não foi o profissional que fez o trabalho, foi uma amiga que me fez o favor. Como o fotógrafo oficial adoeceu e foi uma amiga me quebrou o galho.
-Deve ter comido o tal buchada do Sebastion... Mas eu querer esta profissional.
-Como disse, não ser profissional, mas se insiste tanto eu posso indicar.
- Quem ser este pessoa.
- Rose Marrie. Uma cariatura (criatura mesmo) fantástica... Minha pupila, pra falar a verdade, tem um futuro brilhante no mundo da moda. Suas dicas são preciosas. Talvez o seu olhar crítico tenha ajudado nas fotos.
-Quero ela então...
-Façamos o seguinte, vou marcar um dia e o apresento e quem sabe ela tope fazer suas fotos. Talvez você queira conhecer minha nova coleção e...
- Você não entender... Eu querer pro ontem... Não tenho tempo... Anarriê e Anavantu. Estou com problemas. – Falou mais incisivo
- Está bem, verei o que poderei fazer...
- Mi agradecer, quem sabe ainda trabalharmos juntos no Paris.
Bee Chard Loucard sonhando alto se empolgou e pegou o telefone. Não podia perder a oportunidade imaginada.
- Enquanto você ligar, vou fora tomar um pouco de ar e manter contatos profissionais...
- Fica a vontade, mas não demorarei, se quiser mais café...
- Merci, nom querer mais caldo de pano de chom, digo um amostra do genuíno coffe de terra brasil. (2X1, o urso abriu vantagem de novo, essa essa é boa...)
Tedibi aproveita para ligar para os demais ursos para contar as novidades. Tudo estava correndo como o planejado e logo estaria frente a frente com a pessoa responsável pelas fotos. Mas o tempo corria, a Isaltina que já se encontrava com os demais ursos, em um furgão próximo, estava sofrendo com o desaparecimento da Boo Fala Elizabeth. O próximo passo seria colocar a parte dois do plano em ação, logo que  a fotógrafa também engolisse a isca. Falta combinar tudo com ela...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CAPÍTULO VII - Tedibi e o modista Bee Chard Loucard



 Após o urso está devidamente alimentado,  com as ideias já organizadas, a família se reúne mais uma vez. Estavam na varanda do hotel tentando ordenar um plano investigação.

- Talvez se a gente descobrisse o local onde ocorreu o evento da foto fosse fundamental, você sabe? - Falou a mãe urso.

- Com certeza, mãe, e já apurei o fato... Esta foto foi tirada em desfile de modas, vejam o palco de desfiles ao fundo... - explicou Nerd com a lupa em uma das mãos, digo, patas. - e temos a sigla BCL no palco. – Completou.

- BCL, seria uma empresa de eventos? Perguntou Tedibi.

- Quase isso. Descobri pela internet que existe um estilista famoso por aqui, um dublê de modista chamado Bee Chard Loucard. Ele andou tentando fazer uns desfiles de modas com suas criações na cidade. Conseguiu realizar um sim, graças a um misterioso patrocínio. Afinal não sei quem patrocinaria aquelas coisas... Aqui pra nós as suas criações são bastante bregas.

Nerd passa as fotos das roupas do pseudo estilista para a mãe.

- Realmente isso aqui é de uma cafonice sem tamanho.

- Mas você acha que ele tem culpa no cartório? – perguntou Tedibi.

- Creio que não, ele parece inofensivo, até demais para o meu gosto. Mas vejam que a foto é de máquina profissional, talvez do mesmo fotógrafo que tirou as demais da pasta. Logo pode se tratar de um membro de sua equipe ou de uma equipe contratada. Se encontrarmos o fotógrafo que é baixinho teremos realmente iniciado as investigações.

- Verdade, mas sabes onde mora a Bicha Louca?

- Não Tedibi, é Bee Chard Loucard, ele se diz francês, mas nem nome de francês tem, é  um equívoco que me parece ser marketing dele. Soube que na verdade ele mora num bairro  chamado Pyramboo, muito conhecido da cidade de Fortaleza, onde tem um pequeno ateliê. Ele possui uma restrita clientela de pseudas emergentes, de gosto duvidoso pelo jeito. Mas parece que alguém andou financiando mesmo a sua história, quem eu não sei. Desconfio que exista mais envolvidos, o estilista pode ter usado, preciso fazer um apanhado mais aguçado. Afinal temos um quebra cabeça, vamos ver se conseguimos juntar as peças... E onde o Pescoção, a Isaltina e a Boo Fala Elizabeth se encaixam neste jogo.

- Você acha que devemos fazer uma visita ao ateliê?

- Pois é, tô estudando uma maneira de se chegar lá.

- Então vamos lá à casa da Bicha.

- Bee Chard, Tedibi. Bee Chard!  Mas não podemos chegar lá sem nenhum álibi... Só se... Aproximem-se tive uma ideia repentina.

Falando baixo Nerdbi repassou o que havia planejado.

Alguns minutos depois...

- Não!!! Não farei isso.

-Mas Tedibi, o plano é excelente. E você é um excelente ator, me lembro dos papéis que desempenhou no teatro da escola.

- Sim, meu filhote, eu sei que você é capaz.

- Já falei, a ideia é boa, mas não vou desempenhar este papel ridículo. Não vou me travestir de dondoca louca pra encomendar nenhum vestido.

- Não temos outra ideia, e o tempo está passando.

- Você não tem, mas podemos melhorar essa ideia.

- Como assim?

- Venham, deixa-me falar.

Todos se aproximam mais uma vez,

- Hum, parece interessante.

- Então eu...

-Ted, você genial.

- Sim tem mais... – voltam a cochichar.

-Supimpa caro irmão, darei o braço a torcer.

-Agora falta comermos algo...